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A Generosidade na Liderança – Um Novo Paradigma

Foto do escritor: Miguel de Sousa MajorMiguel de Sousa Major

Vivemos num mundo onde o tempo é um dos recursos mais escassos. Na liderança, esta escassez é ainda mais evidente, com as constantes pressões para alcançar resultados, gerir equipas diversas e responder às exigências de um mercado em constante mudança. Contudo, é precisamente neste contexto que a generosidade deve emergir como um valor central.


Falar de generosidade na liderança não é falar de altruísmo no sentido clássico, nem de um romantismo utópico sobre o mundo do trabalho. É, antes, reconhecer que o sucesso sustentável só é possível quando os líderes estão dispostos a partilhar o que têm de mais valioso: tempo, sabedoria e empatia.


Generosidade: Um caminho para a abundância


A generosidade enquanto prática de liderança exige uma mudança de paradigma. Abandonar a mentalidade de escassez – aquela que nos faz acreditar que nunca há tempo ou recursos suficientes – é o primeiro passo. Um líder generoso olha para as suas equipas e vê não apenas executores de tarefas, mas pessoas com potencial, histórias e capacidades únicas.


Este novo paradigma não implica renunciar ao rigor ou à exigência. Pelo contrário, a generosidade está muitas vezes associada ao feedback construtivo, à criação de oportunidades e ao desenvolvimento de competências. Ser generoso é dar às pessoas o espaço e os recursos necessários para crescerem, mesmo que isso exija mais esforço e vulnerabilidade por parte do líder.


O contraste entre generosidade e narcisismo


Num mundo onde líderes narcisistas continuam a ascender, a generosidade parece quase contracorrente. O narcisismo, com a sua obsessão pelo controlo e pela imagem, fecha portas à colaboração e ao crescimento coletivo. Já os líderes generosos promovem culturas organizacionais saudáveis, nas quais o talento é valorizado e os indivíduos prosperam.


Pergunto-me, então: por que razão não promovemos mais líderes generosos? Talvez porque a generosidade é vista, erradamente, como fraqueza. Talvez porque ainda falta medir, de forma objetiva, o impacto positivo que esta pode ter nas equipas e nas organizações.


Aprender a ser generoso


Ninguém nasce generoso. Tornamo-nos generosos. E esta transformação começa com um exercício de reflexão pessoal. Como líderes, precisamos de nos perguntar: “Estou a ouvir as necessidades da minha equipa?”, “Estou a criar oportunidades para que outros brilhem?”, “Tenho tempo para partilhar o meu conhecimento e experiência?”


Liderar generosamente é também liderar com consciência de que não temos todas as respostas. Significa delegar, confiar e, por vezes, deixar ir. Wendy Kopp, fundadora da Teach for America, só descobriu o verdadeiro impacto da sua organização quando começou a ouvir as comunidades locais e a dar-lhes o poder de co-criar soluções.


O equilíbrio entre generosidade e autoridade


Generosidade não é sinónimo de ausência de autoridade. Existem momentos em que as equipas precisam de decisões rápidas, orientações claras ou processos bem definidos. A generosidade, nesses casos, manifesta-se na clareza, no respeito pelo tempo alheio e na capacidade de agir com confiança.


A generosidade que transforma


Na liderança, a generosidade não é apenas uma qualidade desejável – é uma necessidade. Num mercado onde o talento se torna cada vez mais disputado e onde a desconexão ameaça o bem-estar das equipas, ser generoso pode ser o diferencial entre a sobrevivência e o sucesso.


E aqui deixo uma reflexão: como seria o mundo se a generosidade se tornasse o critério número um na escolha de líderes? Talvez fosse um mundo onde as organizações prosperassem não apenas pelos lucros, mas pela qualidade das relações humanas que as sustentam.


Na próxima vez que refletir sobre a sua liderança, pergunte-se: “Estou a ser generoso?” Talvez aí resida o verdadeiro poder de transformar não apenas o trabalho, mas as vidas que tocam o nosso caminho.


Por Miguel de Sousa Major, autor das obras literárias: "Viva la Vida, Viver com Propósito", "Fragmentos, Uma Breve História de Vida", e "Nexus, o Futuro das Cidades".

 
 
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