As cidades são o palco principal da vida moderna. Mais do que aglomerados de edifícios e infraestruturas, elas refletem a essência das comunidades que as habitam. No entanto, à medida que o mundo se torna mais interconectado, as cidades enfrentam um novo desafio: como se destacar num panorama global em constante transformação? A resposta está em tratá-las como marcas vivas, dinâmicas e estratégicas. É aqui que o conceito Nexus se torna essencial.
O Nexus oferece um modelo para compreender as cidades como sistemas integrados, onde identidade, propósito e conexões se unem para criar marcas urbanas autênticas e resilientes. Uma cidade Nexus não é apenas um local onde se vive; é uma ideia que inspira, envolve e transforma.
Cidades como marcas: muito além do marketing
Pensar as cidades como marcas é um exercício que vai além do design de logótipos ou da criação de campanhas publicitárias. Trata-se de uma abordagem estratégica para articular a identidade, os valores e a visão de uma cidade de forma coerente e inspiradora. No contexto Nexus, as cidades como marcas têm três funções essenciais:
Refletir a sua identidade: A marca de uma cidade deve encapsular a sua essência – as suas tradições, cultura e singularidades locais. Por exemplo, Lisboa não é apenas uma cidade histórica; é uma capital vibrante que combina modernidade com tradição. Esta dualidade deve ser clara na sua marca.
Definir um propósito global: Uma marca urbana forte não se limita ao local. Uma cidade Nexus articula a sua visão de futuro com desafios globais. Seja liderando na sustentabilidade, promovendo a inclusão ou investindo em inovação, as cidades devem posicionar-se como agentes de mudança num mundo interdependente.
Inspirar e conectar: As marcas urbanas Nexus são ferramentas de transformação. Elas conectam os cidadãos, atraem visitantes e investidores, e inspiram outras cidades a seguir os seus passos.
Nexus: a força das conexões na construção de marcas urbanas
O conceito Nexus assenta na ideia de que nenhuma cidade opera isoladamente. As cidades Nexus são definidas pelas suas conexões – internas, entre setores e áreas de atuação, e externas, com outras cidades e territórios. Esta visão integrada permite que as cidades Nexus transformem os seus desafios em oportunidades e fortaleçam as suas marcas através da colaboração.
Por exemplo, uma cidade que aposta na economia circular ou na mobilidade sustentável não está apenas a melhorar a vida dos seus habitantes, está a criar um modelo replicável para outras cidades. Estas práticas tornam-se parte da identidade da cidade, reforçando a sua marca como um exemplo global de inovação e sustentabilidade.
Cascais é um exemplo paradigmático. O desenvolvimento estratégico da marca Cascais - do qual tive o privilegio de liderar recentemente - revelou não apenas os seus atributos únicos, mas também as oportunidades para alinhar a sua narrativa local com um propósito global . Ao investir na preservação ambiental, no turismo responsável e na inclusão social, Cascais demonstra o poder de uma marca urbana Nexus em ação.
O papel central da identidade e do propósito
Uma marca urbana Nexus começa com duas perguntas fundamentais: Quem somos? e O que representamos? A resposta a estas questões define a identidade da cidade e o seu propósito.
A identidade reflete as características únicas da cidade – desde a sua história e património até à cultura e gastronomia. Por outro lado, o propósito é o que conecta a cidade ao mundo. Cidades que priorizam a sustentabilidade, como Copenhaga, ou a inovação tecnológica, como Singapura, usam as suas marcas para comunicar esses compromissos de forma clara e impactante.
No Nexus, identidade e propósito estão interligados. Uma cidade só consegue criar uma marca forte e autêntica quando os seus valores internos estão alinhados com os seus objetivos externos. Mais do que slogans, as marcas Nexus são promessas: elas mostram ao mundo como a cidade está a contribuir para um futuro mais inclusivo, sustentável e humano.
Os cidadãos como embaixadores das cidades Nexus
Nenhuma marca urbana é eficaz sem o envolvimento da sua população. No conceito Nexus, os cidadãos são o centro do desenvolvimento da marca. Eles são os seus embaixadores naturais, aqueles que vivem e representam os valores da cidade no dia a dia.
Cascais, por exemplo, destaca-se por envolver ativamente os seus habitantes na construção da sua marca. Fóruns de participação e iniciativas comunitárias garantem que a identidade de Cascais é autêntica e reflete as aspirações dos seus cidadãos. Este modelo de governação colaborativa é um pilar fundamental para qualquer cidade Nexus.
A visão estratégica das cidades Nexus
O futuro das cidades não se limita a resolver problemas locais, é sobre liderar numa escala global. O conceito Nexus oferece um modelo estratégico que transforma as cidades em protagonistas de transformação global. Ele reconhece que as marcas urbanas não são apenas ferramentas de promoção, mas instrumentos de impacto.
As cidades Nexus são laboratórios vivos de inovação e inclusão. São elas que desafiam o status quo, lideram pelo exemplo e mostram que as soluções para os grandes desafios do mundo começam localmente, mas têm impacto global.
Cidades como Nova Iorque, Tóquio ou Amesterdão já demonstraram o poder de uma marca urbana forte. Portugal, com cidades como Lisboa, Porto e Cascais, tem todas as condições para se posicionar como líder neste movimento, promovendo uma visão de cidades que inspiram e conectam.
Construir o futuro com Nexus
As cidades Nexus são o caminho para um futuro mais conectado e resiliente. Elas mostram que o sucesso urbano não é apenas uma questão de recursos, mas de visão, estratégia e colaboração. Construir marcas urbanas fortes, autênticas e com propósito não é apenas uma necessidade – é uma oportunidade para as cidades se posicionarem como agentes de mudança.
Se queremos um futuro onde as cidades lideram e inspiram, precisamos de tratá-las como o que realmente são: marcas vivas, feitas de histórias, pessoas e conexões. O Nexus oferece o mapa para essa jornada, transformando cidades em ideias globais que não apenas existem, mas prosperam – juntas.
Por Miguel de Sousa Major, autor da obra literária Nexus: O Futuro das Cidades